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Resenha do livro: O Conhecimento dos Mundos Superiores (Rudolf Steiner)

Atualizado: 13 de set. de 2024

Nota antes de você ler: A cada dois meses, mais ou menos, venho atualizar o post com um novo capítulo.


Resumos de 7/11 capítulos (13/09/2024). Para encontrar algo, use a lupa do blog.

Obrigada e boa leitura!

Lorena



CAPÍTULO 1 - O CONHECIMENTO DOS MUNDOS SUPERIORES

capítulo 1 o conhecimento dos mundos superiores

Condições e Calma interior


Condições


Rudolf Steiner diz que todo o ser humano possui faculdades latentes através das quais ele pode acessar os conhecimentos dos mundos superiores. Este "mundo superior", segundo os místicos, gnósticos e teósofos, é o mundo das almas e dos espíritos.


Para desenvolver tais faculdades latentes e acessar esses conhecimentos, precisamos ser ensinados por outras pessoas, que já são iniciados no ocultismo, ou seja, neste mundo superior e oculto - pois nossos olhos físicos e nossos sentidos "terrenos" não o enxergam ou o percebem. A disciplina do oculto sempre existiu, ao longo de todo o tempo em que a humanidade está presente na Terra, e dentro desta disciplina aqueles dotados dessa faculdades superiores sempre instruíram aqueles que aspiravam possuí-las.


Segundo Steiner, todos podem ser iniciados e até mestres ocultistas, desde que procurem o caminho adequado e tenham as condições necessárias.


Em relação a estas condições é importante entender sobre as leis naturais que regem o fluxo dos saberes ocultos. São duas leis naturais: uma diz que nenhum iniciado pode recusar passar os ensinamentos e saberes a quem tem o direito de recebê-los; a outra lei diz que só poderá recebê-los quem estiver em condições favoráveis para tanto.


"Só em sua própria alma é que o ser humano achará os meios para abrir os lábios dos iniciados. Ele deve desenvolver em si certas qualidades até um certo grau elevado; então os supremos tesouros espirituais poderão ser-lhe concedidos." p.17


A capacidade de devoção ou veneração e o cultivo da vida interior são os caminhos para desenvolver as condições favoráveis ao conhecimento dos mundos superiores.


Devoção ou Veneração

A capacidade de devoção ou veneração surge já na infância, quando a criança tem este profundo e sincero sentimento sobre alguém ou algo, ou seja, é incapaz de ter pensamentos de oposição ou crítica a estes. No entanto, não deve-se trilhar o caminho da submissão e da escravidão em função da veneração.

Na vida adulta essa disposição a venerar volta-se para a verdade e para o conhecimento, e não para pessoas ou objetos. Se o homem não desenvolver o profundo sentimento de que existe algo superior ao que é, ele não encontrará força para atingir um grau mais elevado, conclui Steiner.


Atualmente, no século 21 ano 2023, continua sendo muito difícil - assim como já era na época em que Steiner escreveu esse livro, para as pessoas desenvolverem os sentimentos de devoção e abnegação, pois nossa sociedade tende mais à crítica, a julgamentos e condenações. Quem procura o conhecimento superior terá que ser muito disciplinado no seu dia a dia, na maneira como leva sua vida íntima de pensamentos e sentimentos. Deve-se sempre procurar pensar, ver e sentir, com honestidade, o lado bom das coisas e das pessoas, desprezando pensamentos condenáveis. Não basta meu comportamento respeitar algo ou alguém, meus pensamentos devem respeitar também. É preciso cultivar pensamentos de devoção.


"E para a alma, sentimentos são o que para o corpo são as substâncias, constituindo seu alimento. Se, em lugar do pão, dermos pedras ao corpo, sua atividade se extinguirá. Algo semelhante acontece com a alma. Para ela, veneração, respeito e devoção são substânicas nutritivas que a tornam sadia e vigorosa - sobretudo vigorosa para a atividade do conhecimento." p. 21


Através da devoção também conseguimos cultivar nossa rica vida interior, que torna nossas experiências com o exterior mais significativas e profundas. Não devemos deixar que as distrações do exterior pautem nossa vida, mas o contrário: a vida interior deve pautar as vivências exteriores e o conhecimento que surge do exterior. Ao cultivar uma vida interna, os prazeres e conhecimentos mundanos são elaborados e ressignificados em saberes, que logo em seguida são transformados em trabalho que devemos colocar a serviço do mundo. Ou seja, o saber não é um trunfo pessoal, ele precisa ser compartilhado. Nosso objetivo dever ser conhecer para evoluir e não conhecer para saber.


Calma interior


A Ciência Espiritual também tem suas regras práticas que baseiam-se em sabedorias e experiências bem antigas e remotas ao nosso tempo. Mediante a observação destas regras, pode-se entrar no caminho do cultivo da vida interior.


Esta calma interior de que Steiner nos fala nada mais é do que a meditação, que deve ser praticada séria e rigorosamente.


Quem está em busca dos conhecimentos superiores precisa dedicar-se, através da meditação, a separar o essencial do acessório; essa seria uma das primeiras regras.


tudo que se pensa e sente, e também seus atos, deve passar em revista pela alma


devemos observar tudo que nos ocorre, tal qual observamos, de fora, a vida do outro. assumir uma posição de quem não está entretecido nas experiências


"O que devemos aspirar nos momentos de recolhimento é, pois, contemplar e julgar nossas próprias vivências e ações como se essas não houvessem sido vivenciadas ou feitas por nós próprios, mas uma outra pessoa." p. 25


Quando conseguimos olhar para a nossa vida com a calma interior, como se fossemos um juiz imparcial, conseguimos separar o essencial do acessório. Tal qual constantemente fazemos ao obervar a vida alheia. Pois quando estamos misturados na situação, damos o mesmo peso para o essencial e o acessório.


A capacidade de encontrar a calma interior e nutrir esta vida interior, onde nos confrontamos consigo mesmos, faz com que consigamos desenvolver um "homem interior superior", que domina nossa vida interna e também dirige e guia a vida externa. Estamos sempre sofrendo pressões da vida externa, e com o homem interior soberano, estas pressões não vão nos abalar, nos distrair, ou nos tirar do curso que queremos seguir, não nos dominarão. Ao contrário: estaremos evoluindo e protegendo aquilo que desejamos para nossa vida com o cultivo do soberano interior.


Meditação


Durante esta tranquila contemplação do interior o ser humano começa então a ouvir as vozes do mundo espiritual. É com sua alma que escuta e a isto chamamos de meditação (reflexão contemplativa). A meditação é o meio para a cognição suprassensorial. Steiner nos diz que a meditação gera vigor para a vida, e haja o que houver, nos manteremos íntegros.


Através da meditação, podemos vivificar o que em nós é eterno, aquilo que está para além dos marcos de nascimento e morte, e chegarmos ao cerne do nosso ser. Assim, estaremos nos preparando para os graus da iniciação na Ciência do Oculto.


CAPÍTULO 2 - OS GRAUS DA INICIAÇÃO


A preparação, A iluminação e Controle dos Pensamentos e Sentimentos


No segundo capítulo do livro O Conhecimento dos Mundos Superiores, Steiner nos fala dos graus de iniciação: 1. preparação, 2. iluminação e Controle dos Pensamentos e Sentimentos.


O ser humano, através de auto educação e disciplina, pode cultivar uma vida espiritual a qual conduz a certo nível de iniciação. Através de exercícios nossa alma irá se relacionar conscientemente com o mundo espiritual.


O graus de iniciação não precisam ser desenvolvidos e exercitados em sequência. O mais importante é a paciência e a perseverança daqueles que decidirem fazer os exercícios de iniciação.


1. Preparação


A Preparação consiste no cultivo da vida dos sentimentos e pensamentos, a partir da qual, os corpos anímicos e espirituais serão dotados de órgãos sensoriais e supra sensíveis, que consigam se conectar com, ver e sentir o mundo espiritual.


Precisamos começar dirigindo a atenção de nossa alma para alguns fenômenos do mundo ao nosso redor. Estes fenômenos são o germinar e vicejar da vida e também o oposto, o declinar, murchar, perecer.


Esses fenômenos existem simultaneamente na vida e eles provocam nos seres humanos de forma natural sentimentos e pensamentos, no entanto, não nos entregamos a estes sentimentos, pois, comumente, corremos rapidamente de uma impressão à outra.


Então o grau de Preparação, consiste dos seres humanos intensamente e de forma bem consciente dirigir a atenção a esses fenômenos de crescer, vicejar, germinar e também do oposto: murchar declinar e perecer.


Por exemplo, ao perceber o florescer de uma planta, o ser humano precisa banir todos os demais sentimentos e impressões de sua alma e por um curto tempo somente se fixar nessa única impressão. Dessa forma, esse sentimento vai ressoar dentro de si e a pessoa terá de fechar-se ao restante do mundo exterior e se concentrar naquilo que a sua alma está percebendo do florescer e vicejar. Esse mesmo exercício que se faz dirigindo o pensamento ao florescer, germinar e vicejar deve também ser feito com o oposto desse crescimento, ou seja, o declinar, murchar, perecer.


Esses exercícios fazem com que a gente consiga desenvolver esses órgãos de clarividência, olhos e ouvidos supra-sensíveis construídos a partir da matéria vivificada sobre a ação de forças da natureza.


Todas as pessoas que fizerem esses exercícios, ao conquistarem essa calma interior e a possibilidade de estar conectados e entregues a esses sentimentos e pensamentos, elas verão as mesmas imagens do mundo espiritual. Assim como com órgãos físicos a gente enxerga as formas iguais (o redondo, o quadrado) com os olhos espirituais também.


A experiência de cultivar na alma o que os sentimentos e pensamentos da vida, do florescer, nos faz enxergar algo que remete ao raiar do sol, e o oposto disso, que é observar o murchar, o perecer, nos remete a uma imagem ou uma visão do nascer da lua.


Com muita perseverança, dedicação e disciplina, ao fazer estes exercícios, o mundo anímico, ou o plano astral, começará a raiar diante de nós. Crescer e perecer não serão mais meros fatos; Agora crescer e perecer formarão linhas e formas espirituais.


As pessoas que atingirem esse grau de ver coisas que não existem no plano físico não devem comentar com quem não está iniciado na doutrina esotérica. Também não deve tentar refletir sobre o significado das coisas que vê, pois esse trabalho racional afasta o pesquisador do oculto do caminho certo, que é um caminho de sentimentos.


É importante ressaltar que no mundo anímico os sentimentos e pensamentos atuam exatamente como no físico atuam as coisas sensoriais, ou seja, sentimentos e pensamentos são fatos reais, como são mesas e cadeiras no mundo físico sensorial.


Precisamos entender a força dos pensamentos e que um pensamento errado ou negativo pode ter a mesma força destruidora de uma ação física qualquer, como dar um tiro em um objeto ou pessoa. Na ciência do oculto só se progredirá prestando bem atenção aos próprios pensamentos e sentimentos, da mesma forma como prestamos atenção aos nossos passos no mundo físico. As Leis do mundo físico se impõe a nós de fora para dentro. E no mundo espiritual essas Leis não podem impor-se a nós a partir do exterior. Para nos orientarmos dentro do plano astral, essas Leis fluem a partir da nossa vida anímica, e para que ela seja saudável e frutífera precisamos cultivar bons pensamentos e tentar banir, proibir, que maus pensamentos e sentimentos nos ocorram e nos dominem.


Steiner também explica que devemos observar os sons. Devemos distinguir entre os sons produzidos por algo inanimado, um instrumento musical por exemplo, e os sons que vem de seres animados: animais ou homens. Ouvir o som de um animal Vamos perceber um sentimento mas também a revelação de algo da Alma deste animal relacionada a dor ou prazer .


Antes, vimos com a nossa alma e agora estamos ouvindo com a nossa alma. O discípulo do oculto terá de dedicar-se a essa espécie de sons que mostram prazer ou dor de seres anímicos. Deverá conectar intimamente seus sentimentos com a dor ou com prazer anunciados através dos sons de animais ou outros humanos. A questão aqui é colocar-se acima do que aquele som lhe significa, de acordo com seu julgamento. Não importa se é bom ou ruim. Só lhe poderá preencher a alma aquilo que se passa no animal ou homem do qual provém o som.


Essa questão da escuta é muito importante e nós precisamos ser vigilantes quando escutamos outras pessoas: o nosso íntimo precisa estar verdadeiramente calado e precisamos exercitar a capacidade de não emitir nossa opinião, ou nenhum julgamento de concordância ou de discordância quando estamos escutando outra pessoa. Bem como calar nossos pensamentos de julgamento. Precisamos escutar calados e vigiando os nossos sentimentos e pensamentos de julgamento ou antagônicos aos daquela pessoa que está falando. Inclusive os de concordância. Este hábito irá desenvolver uma escuta inteiramente altruísta. Dessa forma poderemos escutar a alma do outro. Ou seja, a nossa alma ouvindo a alma do outro.


Então, resumindo, o grau de preparação consiste em exercitar a visão da alma, através da conexão com os sentimentos e os pensamentos ao ver uma planta ou animal ou pessoa crescer e morrer, como também desenvolver a escuta da alma, se ligando aos sentimentos puros dos animais e homens transmitidos por seus sons e também aprendendo a escutar sem julgamento aquilo que nos é falado, possibilitando-nos a escutar a alma das outras pessoas com a nossa alma.


Com os exercícios corretos de preparação as forças da Natureza irão plasmar nossos olhos e ouvidos anímicos, a partir da matéria viva.


2. Iluminação


No grau de Preparação nós conseguimos vivenciar sentimentos e pensamentos através da alma, cultivando em nosso íntimos os sentimentos ligados ao nascer e morrer de seres vivos. Nós conseguimos ver com a nossa alma linhas e formas e conseguimos ouvir com a nossa alma. No grau de Iluminação nós conseguimos desenvolver um pouco mais os nossos olhos físicos, para serem olhos espirituais e a gente vai começar a enxergar a luz do plano astral. Junto às linhas e formas que já enxergamos, se juntará a luz.


Através de exercícios que devem ser executados com toda a paciência, rigor e continuidade, é possível, então, desenvolver essa capacidade de ver a luz do plano astral.


O exercício é de contemplação de uma pedra (Cristal), uma planta e um animal. Inicialmente a gente vai comparar a pedra com o animal, descrevendo a natureza e características de cada um. É necessário exercitar continuamente, e primeiro os sentimentos existirão apenas enquanto essa contemplação durar, e depois, eles terão efeito prolongado. Os sentimentos serão distintos e eles serão vivos em nossa alma.


Importante ressaltar que dentre os seres da natureza a planta é igual no mundo físico e no mundo astral. Não é o mesmo no caso da pedra e do animal. Inclusive o mundo espiritual é muito mais rico em relação às cores do que o mundo físico.


Ao ver a iluminação do plano astral, as pedras terão luminosidade azul ou vermelho azulado, os animais vermelho ou amarelo-avermelhado, e as plantas verdes e rosa claro.


Neste caminho de iniciação, o discípulo da ciência do oculto deve estar constantemente preocupado em aumentar sua força moral, sua integridade interior e sua capacidade de observação. Nesta jornada de aprendizado, autoconhecimento e desenvolvimento interior o que se faz mais necessário é a paciência. Quem não sabe esperar no mais elevado e melhor sentido não serve para discípulo nem jamais alcançará resultados de valor relevante.


3. Controle dos pensamentos e Sentimentos


Quem está trilhando o desenvolvimento de faculdades anímicas e espirituais estudando e exercitando a ciência oculta deverá ter em mente que após algum tempo pode ter realizado progressos mas que estes não vão ser evidentes. A verdade é que estamos acostumados com o mundo físico, concreto. O mundo espiritual e o mundo anímico são muito mais delicados e difíceis de serem percebidos. É preciso ter muita perseverança e não desistir dos exercícios e dos estudos, até que o próprio iniciado se dê conta dos seus próprios progressos.


Coragem e autoconfiança são duas qualidades que temos que ter no caminho para a ciência do oculto. Muito antes da gente perceber algum progresso a gente vai sentir que está no caminho correto e esse sentimento precisa ser nutrido e cultivado para que não se perca a motivação.


Nós somos corpo, alma e espírito, mas no entanto, temos consciência plena somente do nosso corpo e não da nossa alma e do nosso espírito. O discípulo do oculto torna-se consciente da alma e do espírito tal qual os indivíduos comuns tem facilmente consciência do corpo. Daí a grande importância de direcionar os nossos sentimentos e pensamentos.


Se observar e pensar numa semente, sei que desta semente nascerá uma planta. O invisível se tornará visível. Da mesma forma que se eu não fosse capaz de pensar não poderia me anunciar desde já, o que só mais tarde virá a ser visível. Esse pensamento deve ser sentido intensamente, precisamos vivenciar este pensamento, para então pensamento e sentimento se firmarem na nossa alma e daí surgirá uma força interior. Realizando este exercício, repetidamente, chegaremos num ponto em que a semente aparecerá envolta numa luz. Vamos experimentar de forma sensorial espiritual uma espécie de chama, e o centro dessa chama nos dará uma sensação semelhante a impressão da cor lilás, e as bordas da chama uma sensação semelhante a cor azulada. O que aconteceu é que se revelou uma visão de forma espiritual, ou seja, o que era sensorialmente invisível, a planta que estava contida na semente que seria visível mais tarde, revela-se aí de forma espiritual visível.


É muito importante que os indivíduos dedicados a disciplina do oculto se mantenham com juízo claro, sóbrios, sempre verificando se saíram de seu equilíbrio ou se continuam o mesmo dentro das condições em que vivem.


Steiner sugere então um novo exercício, desta vez para conseguirmos perceber espiritualmente o mistério de nascimento e morte: da mesma forma que observamos a semente, agora vamos observar e pensar em uma planta em pleno desenvolvimento. Sabemos que em algum momento ela vai perecer, mas que terá produzido novas sementes e novas plantas, ainda ocultas. Novamente percebo que naquilo que enxergo fisicamente tem algo oculto de mim. Existe uma ideia de que a planta produz sementes e que não desaparecerá do nada. O que livra a planta desse desaparecimento é algo que não posso visualizar, não posso enxergar com os olhos. Este pensamento deve viver em mim, e o respectivo sentimento em mim liga-se neste pensamento. Uma força em minha alma virá a ser uma nova visão e desta planta novamente emanará uma formação espiritual em imagem. Poderei visualizar a chama que em sua parte central será azul-esverdeada e suas bordas exteriores, vermelho-amarelada. Importante ressaltar que perceber espiritualmente o "azul" equivale a vivenciar ou experimentar algo semelhante com o que se sente quando nossos olhos físicos enxergam a cor "azul". O plano espiritual não é uma mera repetição do plano físico.


Os discípulos que chegam a formar essas imagens espirituais começam a desvendar algumas coisas da sua existência mas também sobre o seu surgimento e o seu perecimento. Começam a ver em toda parte o espírito, do qual os olhos físicos nada podem saber, e com isso está entendendo por concepção própria o mistério de nascimento e morte. Para os indivíduos comuns no mundo físico, um ser surge pelo nascimento e perece na morte, mas para quem é um iniciado, este percebe também o espiritual do processo nascer-morrer, onde o nascimento e a morte são apenas uma transformação, tal qual o desabrochar de uma flor a partir do botão é uma transformação que acontece diante dos olhos físicos.


Algumas pessoas podem se equivocar ao chegar nessas imagens através de uma criação fantástica da mente. É importante seguir os exercícios pois eles são um caminho convencional e seguro que Rudolf Steiner preparou e deixou para a humanidade. Nós não podemos criar arbitrariamente visões em nós mesmos, mas sim a realidade criá-las em nós. A partir das profundezas da nossa própria alma a verdade aparecerá.


Depois de muito praticar esse exercícios o iniciado poderá chegar a contemplação do próprio ser humano. No entanto é imprescindível, durante esse caminho de desenvolvimento dos graus da iniciação, que a pessoa se concentre em trabalhar a purificação do seu caráter moral, banindo pensamentos relacionados a utilizar os conhecimentos adquiridos para interesses próprios. Jamais utilizar os conhecimentos adquiridos para o mal. A regra de ouro ensinada por Steiner é a seguinte: se nós avançamos um passo na cognição das verdades ocultas então ao mesmo tempo nós temos que avançar três passos no aperfeiçoamento de nosso caráter para o bem.


Passamos ao exercício de incorporação astral do observado estado anímico do apetite: consiste em recordar do momento em que se observava uma pessoa e meditar sobre o estado anímico que identificamos na pessoa, especialmente a vontade/apetite que ela estava sentindo. Então o exercício é se entregar inteiramente a representação daquilo que se observa na recordação. Após muitas tentativas vamos vivenciar na própria alma um sentimento correspondente ao estado de alma da pessoa observada e depois vamos ter a visão espiritual do estado anímico do outro, que se apresentará como algo luminoso. Podemos descrever essa imagem como uma chama: no centro vermelho amarelado e nas bordas azulavermelhado ou lilás. Deve-se ter cuidado ao tentar narrar essa experiência e descrever essa experiência com as nossas palavras mundanas do mundo físico, muitas vezes grosseiras, pois podemos acabar descrevendo uma quimera. E aqui novamente uma nova regra para o discípulo do oculto: saber guardar silêncio sobre as suas visões espirituais. Não tentar expressar em palavras ou meditar pelo racional. O refletir que adquirimos pela vida é limitado ao mundo físico-sensorial. E agora o que estamos adquirindo ultrapassa o limite do mundo físico. Não devemos aplicar um critério do mundo físico-sensorial a este novo mundo superior-espiritual.


Um outro exercício, que pode ser complementar deste último citado, é o seguinte: observar como uma pessoa teve a satisfação de ver um desejo ou uma esperança se realizar. Ao usarmos as mesmas regras e cuidados do exercício anterior também vamos ter uma visão espiritual. Essa chama espiritual é amarela com bordas esverdeadas.


Steiner, então, faz um alerta importantíssimo:

"Cada observação oculta a respeito da natureza humana terá de caminhar de mãos dadas com a autoeducação, estimando ilimitadamente todo o valor intrínseco de cada indivíduo e considerando como algo sagrado e por nós intocável - também em pensamentos e sentimentos - o que reside no interior do ser humano."

Não podemos permitir que tenhamos pensamentos que sejam contrários ao mais profundo respeito à dignidade humana e a liberdade do ser humano. O pensamento de que um ser humano pudesse ser para nós somente um objeto de observação não nos deveria ocorrer nem por um instante.


Através desses exercícios e também das regras e cuidados para sermos nobres e respeitosos para com nossos semelhantes, além da constante auto educação e aperfeiçoamento de caráter, ficou explicado o caminho a ser trilhado para a iluminação da natureza humana.


Quanto mais desenvolvemos nossa visão espiritual mais temos que ter as virtudes da coragem e da intrepidez, pra lidar com o supra sensível e com o mundo espiritual. As forças do Cosmo são destrutivas e construtivas . O ser humano também tem forças destrutivas e construtivas em sua natureza. Estar conectado com o mundo espiritual faz com que a gente tire um véu da frente dos nossos olhos físicos e a gente começa a enxergar muitas coisas que antes não enxergava, inclusive perigos aos quais estávamos expostos, ações que tomávamos por ignorância e agora não vamos mais tomar… para tanto é necessário criar uma forte confiança nos bons poderes da existência e ter muita força e coragem, e cultivar estas virtudes no mais íntimo da própria vida de pensamentos. Assim, o indivíduo estará pronto para vivenciar os verdadeiros nomes das coisas que representam a chave do saber superior.


CAPÍTULO 3 - A INICIAÇÃO


No terceiro capítulo do livro O Conhecimento dos Mundos Superiores, Steiner nos fala da Iniciação propriamente dita.


A iniciação pode ser alcançada através dos exercícios propostos anteriormente: preparação e iluminação. Steiner faz uma ressalva importante sobre a iniciação: o saber e a capacidade proporcionados a alguém que se lança no caminho da iniciação só poderiam ser alcançados num futuro muito remoto, depois de muitas encarnações.Ou seja, pela caminho "natural", ser iniciado é algo que requer muito amadurecimento e experiência, do ponto de vista espiritual, de encarnação.


Portanto, quem está no caminho da iniciação, precisa passar por "provas", que são os substitutos destas futuras experiências, que o indivíduo no presente momento precisa vivenciar. Estas "provas" são os exercícios da vida anímica, conforme apontados no capítulo 2 (preparação e iluminação).


A primeira "prova" é chamada "prova de fogo", pois para o candidato à iniciação acontece um "processo de combustão espiritual", que dá-se no fato de cair um véu das percepções sensoriais, revelando percepções espirituais, de visão e audição espirituais e anímicas. Ao passar por esta "prova de fogo", é possível reconhecer, com olhos e ouvidos espirituais, como a Natureza e os seres vivos se manisfestam.


Para muitas pessoas a própria vida comum já é uma prova de fogo, sendo então um processo iniciático. Porém de forma inconsciente. São pessoas que passam por ricas experiências desse tipo (dor, fracasso, decepção), sempre com calma, grandeza de alma e muita força, e que amadurecem de forma sadia, aumentanto sua coragem e sua perseverança. Falta pouco para que se abram os olhos e ouvidos espirituais. No entanto, devemos notar o seguinte: numa "prova de fogo" da iniciação, o objetivo não é o conhecimento em si, o que se vê e se ouve, mas sim, passar por este processo e caminho, desenvolvendo autoconfiança, coragem, grandeza de alma e perseverança.


Depois dessa "prova de fogo", o candidato à disciplina do oculto pode parar, e retomar esse desenvolvimento numa nova Encarnação. Porém nesta Encarnação ele será uma pessoa mais útil na sociedade do que antes. Caso o candidato resolva prosseguir após a "prova de fogo" ele vai começar a desvendar o sistema de escrita das disciplinas do oculto Esse sistema de escrita não tem nada que ver com o sistema de escrita dos humanos, a escrita a qual estamos acostumados. Steiner diz: "a escrita oculta se revela à alma quando esta alcançou a percepção espiritual, pois essa escrita sempre se encontra grafada no mundo do Espírito."


A escrita oculta aparece através de signos para o iniciado. Esses signos correspondem às forças que atuam no Universo e que significam a linguagem das coisas. Esses signos correspondem às figuras, cores, sons, que o candidato aprendeu a perceber durante as fases de preparação e iluminação. Quando conquista a habilidade de entender a linguagem oculta de signos, a pessoa consegue comunicar algo do saber superior de forma imediata por esta linguagem.


Por meio desta linguagem o candidato começa a conhecer certas regras de conduta para a vida, conhecendo certos deveres, e também começa a realizar atos com grande significado. As pessoas, então, passam a atuar a partir dos mundos superiores, e essas diretrizes e orientações só podem ser entendidas na referida linguagem do oculto.


Existem algumas pessoas capazes de entender a linguagem do oculto de forma inconsciente - sem ter passado pela iniciação - e também, desta forma, realizar atos com grande significado no mundo. Essas pessoas são benfeitores no Universo e da humanidade e chegam abençoando e fazendo o bem. O que diferencia essas pessoas que agem desta forma naturalmente, das pessoas que percorrem o processo de iniciação, é a consciência.


A próxima "prova" que o candidato passará, será para atestar sua capacidade de se mover livre e seguramente no mundo superior. Porém, independente disto, o candidato não deve se descuidar da forma como age e move-se no mundo inferior. Não deverá descuidar-se de seu papel terreno, no mundo comum. Ao contrário: todas as qualidades que fazem o indivíduo comum competente irão se intensificar no iniciado. Esta é a "prova d'água", pois ao atuar nos mundos superiores, confiando plenamente na sua habilidade de iniciado, não terá o apoio do mundo físico, fazendo alusão a alguém caminhando na água sem alcançar o fundo.


Também nesta prova se adquire uma qualidade: o autodomínio. E aqueles que já desenvolveram algum autodomínio em função da vida cotidiana que levam, já tem uma predisposição pro autodominio conquistado pela iniciação.


No mundo físico as coisas não mudam de acordo com nossos desejos, pensamentos. Porém, no mundo superior, todas nossas inclinações podem atuar, e se quisermos fazer um bom uso dessa atuação, devemos ter autodomínio, tendo um juízo absolutamente sadio e seguro. O iniciado deve saber distinguir o que são ilusões, quimeras e superstições da verdadeira realidade, sendo nos mundos superiores esta diferenciação mais dificíl do que nos mundos inferiores.


Na terceira "prova" acontece o desenvolvimento da presença de espírito, de encontrar o "Eu Superior". Esta também é chamada "prova do ar", pois o candidato não pode se apoiar em nada exterior a si, nem em cores, nem em formas que chegou a conhecer por meio da "preparação" e da "iluminação". Ele só pode se apoiar em si mesmo.


Neste estágio da evolução passa-se pela experiência de poder colocar os mistérios vivenciados no mundo oculto à serviço da Humanidade, o indivíduo está maduro para arcar com essa responsabilidade (juramento). O iniciado recebe então o "trago do esquecimento".


É preciso saber atuar a partir do que se vivencia nos mundos superiores sem se deixar perturbar constantemente pela memória inferior. O invíduo deve usar os fatos antigos para perceber o que está se apresentando como novo, mas não julgar o que se apresenta como novo a partir das prévias experiências.

O segundo "trago" é o "trago da memória". É a faculdade de ter permanentemente presente no espírito os mistérios superiores, e para tanto, a memória comum não seria suficiente. O iniciado deve ser tornar uno com as verdades superiores, sabê-las e aplicá-las nas atividades vitais, e desta forma vir a ser (espiritualmente) cada vez mais aquilo para o que a Natatureza o fez.


CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES DE ORDEM PRÁTICA


Neste quarto capítulo, Steiner começa retomando o caminho que o discípulo do oculto faz durante as fases de "preparação", "iluminação" e "iniciação": desenvolver a alma e o espírito - sentimentos, pensamentos e disposições - tal qual a Natureza desenvolve nosso corpo físico. Antes desse desenvolvimento alma e espírito são massas indefinidas.


Existem algumas considerações práticas, que fazem parte da educação superior da alma e do espírito, e as pessoas que se dedicarem a elas avançarão consideravelmente na ciência do oculto, mesmo sem levarem em consideração outras regras.


Paciência


Aspirar à paciência. Calma e serenidade devem cada vez mais estar presentes em nossa alma. Quanto mais impaciente formos, mais "atrasados" ficaremos no desenvolvimento da ciência do oculto. As nossas faculdades superiores estão adormecidas, e atos de impaciência são paralisantes e mortificantes para elas. Somente dedicando-se repetidamente, a um pensamento bem determinado, e também assimilando-o, é que conseguiremos avançar. Este pensamento é: "Se bem que devo fazer tudo em prol de meu desenvolvimento anímico e espiritual, Aguardarei calmamente até ser considerado Digno, por poderes superiores, de uma determinada iluminação." Este pensamento precisa estar tão rigoroso que irá constituir um perfil de caráter e a pessoa estará trilhando o caminho certo. Esse perfil de caráter inclusive vai mudar a aparência: o olhar mais calmo, os movimentos mais seguros, a determinação nas decisões, e a diminuição (talvez até o fim) do nervosismo.


Esse desenvolvimento da paciência nos faz ter novas atitudes na vida, por exemplo, frente à ofensas e provocações. Se antes de trilhar o caminho iniciático nos irritávamos em função de ofensas e provocações, agora podemos reagir de outra forma: com calma e serenidade. O pensamento dominante deve ser: "Tal ofensa nada muda de meu valor."


Sempre objetivando, e tendo em mente que quem está sofrendo a ofensa não é a pessoa. Importante também ressaltar que essas mudanças ocorrem de forma sutil e silenciosa, em nível anímico e espiritual; não são processos grosseiros, externos. A paciência exerce um efeito atrativo sobre os tesouros do saber superior. A impaciência tem efeito repulsivo.


Desejos e apetites


São qualidades da alma que repelem todo o saber superior. Quem cobiça um saber superior, jamais o alcançará. É muito importante que o indivíduo esteja constantemente se auto conhecendo e se auto analisando, ser verdadeiro em relação a si é o ponto alto do caminho iniciático. É necessário examinar os próprios defeitos, fraquezas e insuficiências com grande veracidade interior. Existe um só caminho para que a gente consiga resolver nossos erros e fraquezas: realmente conhecê-los. No momento que a gente começa a criar desculpas para as nossas fraquezas a gente está se afastando do caminho do oculto, pois ter uma ilusão sobre si mesmo é não ter a veracidade necessária para o autoconhecimento.


A curiosidade também é prejudicial ao discípulo que está no caminho do oculto. O indivíduo, precisa parar de fazer perguntas relativas as coisas visando somente saciar a sua ânsia de saber. Saber por saber não é bom. Só deverá perguntar aquilo que serve ao seu aperfeiçoamento e evolução. Cada momento de aprendizado deverá ter uma participação de devoção do discípulo. A vida dos desejos precisa ser educada. Devemos almejar alcançar os nossos desejos através da força da verdadeira cognição. "Não desejar de forma alguma enquanto não se houver reconhecido o verdadeiro domínio"- é uma das regras de ouro para o discípulo.


Além da curiosidade, devemos combater outros tipos de pensamentos e sentimentos, todos que contenham qualidades de cólera e irritação, covardia, superstição, preconceitos, vaidade e ambição, tagarelice desnecessária, e também, as discriminações de pessoas segundo características externas de classe, sexo e raça. Tais pensamentos, sentimentos e comportamentos, levantam uma barreira no mundo anímico ao nosso redor, e as forças que deveriam desenvolver nossos olhos anímicos não podem se aproximar de nós. Ora, se estivermos imbuídos de preconceitos não conseguiremos julgar objetivamente e tão pouco olhar para dentro da alma de alguém.


Também é necessário a prática constante de purificar nossos pensamentos, colocando um filtro, antes de falarmos e darmos nossa opinião, quando estamos em conversas e diálogos. Pois precisamos entender o significado que os outros vão tirar daquilo que falarmos. Devemos nos concentrar nesse pensamento: "Não importa que eu tenho opinião diferente da opinião do outro, e sim que o outro encontre o certo a partir de si próprio, se para isso eu contribuir". Esse tipo de pensamento vai construindo uma ternura e uma brandura no agir do discípulo do oculto, o que é um meio fundamental para a formação anímica que vai despertar os olhos anímicos.


E por fim, devemos nos atentar ao ambiente onde praticamos os exercícios do caminho iniciático. Quanto mais próximo da Natureza estivermos, mais propício será nosso sucesso, mantendo em mente a prática constante, calma interior, brandura, silêncio e perseverança.


Quem não puder estar próximo a Natureza, pode, para compensação, nutrir seu coração com os textos do Bhagavad-Gita, evangelho de João e Tomás van Kempen.

Sempre com perseverança e coragem, um belo dia, ou não tão belo assim, repentinamente, os olhos e ouvidos espirituais se revelarão.


CAPÍTULO 5 - AS CONDIÇÕES PARA A DISCIPLINA OCULTA


Após o capítulo sobre "considerações de ordem prática", Steiner nos traz, no capítulo 5, um conteúdo sobre as condições para a disciplina do oculto.


A premissa mais importante e básica é a pessoa querer se desenvolver na disciplina do oculto. E também prestar atenção nas condições que serão descritas a seguir. E mais importante ainda, que seguir todas as regras e condicões, é ter vontade, intenção, sempre sendo o mais verdadeiro possível consigo mesmo, buscando um aperfeiçoamento interior genuíno. Vale ressaltar que o saber por saber não levará o interessado a lugar algum, pois sem o esforço da reforma íntima, a empreitada pelo conhecimento oculto simplesmente pelo saber, não dará certo.


Steiner nos apresenta 7 condições para a disciplina do oculto:


Saúde do corpo e do espírito


Consiste em ter vontade de viver com saúde, e se esforçar para tanto. Saber cuidar da saúde, física e espiritual, evitando os gozos e prazeres diretos, em detrimento da saúde. Mas, utilizando os prazeres como meios para a saúde. O discípulo deve aspirar à integral saúde espiritual, pois uma doentia vida dos sentimentos e pensamentos não ajudará no caminho do oculto. Também tudo que seja exagerado e unilateral, no sentir, pensar, julgar, deve ser evitado, ponderado. 


Sentir-se parte de toda a vida existente


Cada um só pode cumprir essa condição à sua maneira. Consiste em sentir-se parte e uno com outras vidas, e desta forma sentir-se responsável pelo caminho de evolução da Humanidade. Isso deve ser feito em silêncio, em sintonia consigo mesmo, em constante auto avaliação, e desta forma isso começa a aparecer no exterior. Por exemplo, quando alguém ligado a nós se comporta de maneira que não aprovamos, antes de julgar essa pessoa, devemos refletir que somos uno com ela e tentar entender o que no nosso comportamento possa ter influenciado a pessoa agir de tal forma.


Devemos nos conscientizar de que o nosso nível de evolução, educação, posição social, etc, deve-se ao fato de que a nós coube algo de que o outro foi privado. Desta forma somos todos corresponsáveis, como membros unos a Humanidade, sobre tudo que com ela ocorre. Mas não adianta sair "cobrando" as pessoas por isso. Essa deve ser uma noção individual e cultivada na própria alma… Não devemos cobrar o outro, devemos cobrar à nós mesmos.


Alinhamento entre atos, sentimentos e pensamentos


O discípulo do oculto precisa acreditar e confiar que seus pensamentos e sentimentos são tão relevantes para o mundo quanto seus atos. Não adianta se portar de forma "adequada", quando por dentro está pensando e sentindo de forma inadequada, que possa prejudicar alguém. É tão nocivo odiar alguém como neste alguém bater. Enquanto não puder crer na importância universal do seu interior, o discípulo não progredirá na senda do oculto. O Universo tira dos nossos pensamentos e sentimentos tanto proveito quanto tira de nossa atitudes.


A verdadeira entidade do ser humano está no interior


Sentir-se um ser anímico-espiritual é condição central para o desenvolvimento da disciplina do oculto. Quem sente que é somente produto do mundo exterior, físico e material, não vai conseguir seguir no caminho do oculto. 

O nosso dever interno não pode ser medido pelo resultado externo, e vice versa.

Devemos desenvolver uma balança espirtual, buscando harmonia entre o que está dentro do nós e o que está fora. Por exemplo, não impor ao meio em que vivemos as nossas verdade internas, mas também não podemos sempre agir como o meio espera e aprova.


Temos que encontrar este centro, entre o que as condições externas impõe e o que reconhecemos como certo para a nossa conduta. E isto tem a ver com a nossa alma, termos um coração aberto, porém, uma firmeza interior.


A perseverança na decisão tomada


Cada decisão é uma força, direcionada para uma atuação. Só devemos desistir de uma decisão se constatarmos que houve erro ou equívoco na decisão.

Também é importante decidir por ações de amor ao mundo, e persisir nelas. Inclusive temos que aprender a sacrificar nossos atos por amor.


Gratidão


Quem busca o caminho do oculto e dos mundos superiores precisa desenvolver o sentimento de gratidão perante tudo que é proporcionado ao ser humano. O quanto nos é dado pra que possamos existir! Tudo que a Natureza e tantas pessoas nos dão. Através deste sentimento de gratidão genuíno e profundo poderemos desenvolver o amor universal, necessário para a cognição superior.


Compreender a vida dentro do que as condições exigem


Então a sétima condição, vem unir todas as outras, gerando uma compreensão incessante do desenrolar da vida, dentro dessas exigências. O discípulo tem a chance de dar a sua vida um caráter uniforme.


As condições citadas acima são apropriadas para tornar o discípulo forte para cumprir as demais exigências que a disciplina do oculto irá trazer.  Sem o desenvolvimento destas condições não será possível ter a necessária confiança nas pessoas, e é sobre confiança e verdadeiro amor  ao ser humano que toda aspiração à verdade terá de ser consolidada. A aspiração à verdade brota da alma, mas precisa estar alicerçada na confiança e no amor verdadeiro.


O discípulo do oculto se conscientizará de que o melhor combate ao mau consiste em criar o bom. Do nada, nada pode ser criado, mas de algo que não é bom, algo melhor pode ser criado. E a pessoa nesse caminho precisa ter a consciência de que deve criar, edificar, e não destruir. É necessário uma devoção e muito trabalho dedicado, e não contruibuir para a crítica e para a destruição. Trabalho e devoção são os sentimentos básicos que se deve exigir de um discípulo do oculto. E o correto sentido aqui é que o trabalho deve ser empreendido pelo amor que se tem a este trabalho, e não em relação ao seu resultado. Isto faz por si qualquer trabalho progredir.


Nunca devemos esquecer: se ainda preciso aprender, não posso julgar. E na disciplina do oculto importa o aprender. Se não compreendemos algo, é melhor nos abster de julgar, condenar. E quanto mais se sobe os degraus do oculto, mais devemos escutar com serenidade e devoção, e não pular logo pra um julgamento. Outra coisa para atentarmos: nos mundos superiores só há uma verdade, um único parecer. E usualmente, nós, homens enquanto na Terra, temos diversas visões e opiniões sobre um determinado assunto. Mas no plano superior é diferente: só há uma única verdade sobre cada tema ou assunto. E pra chegar nessa verdade há que se decidicar a seguir o caminho do conhecimento oculto, com essas condições e regras.


Ao natural, depois de muitas encarnações, talvez consigamos achar esse caminho para os conhecimenos superiores, mas, quem quer abreviar o caminho, pode se debruçar com devoção, serenidade e afinco sobre o caminho aqui descrito. Quem chegar mais cedo no conhecimento dos mundos superiores poderá auxiliar e colaborar com o bem estar e a evolução humana. 


No próximo capítulo iremos estudar quais os efeitos da iniciação no corpo anímico e espiritual.


Próximo capítulo: 6º - Sobre alguns efeitos da iniciação


CAPÍTULO 6 - SOBRE ALGUNS EFEITOS DA INICIAÇÃO


Neste capítulo Steiner falar sobre alguns efeitos da iniciação na alma do discípulo.


Quem desejar se desenvolver na ciência oculta precisa estar plenamente consciente dos possíveis efeitos dela no corpo, alma e espírito.


Quanto mais avançamos na nossa evolução anímica mais estruturado fica nosso organismo anímico, onde vamos desenvolver "chácras" ou "flor de loto" em algumas regiões do nosso corpo físico.


Esses orgãos são espiritualmente percebidos, no nosso corpo físico:

  1. entre os olhos

  2. laringe, Possui 16 pétalas;

  3. coração,  possui 12 pétalas;

  4. estômago,  possui 10 pétalas;

  5. abdômen

  6. abdômen


Na pessoa pouca evoluída esses chacras são de cores escuras, imóveis. Na pessoa evoluída os chacras estão em movimento e possuem cores brilhantes.


O orgão sensorial da laringe, possibilita o discernimento clarividente do modo de pensar de um outro ser anímico e também possibilita a observação mais profunda e verdadeira dos fenônemos que ocorrem na Natureza.


O orgão sensorial do coração possibilita a percepção de sentimentos de outros seres anímicos e também forças profundas de animais e plantas.


Pelo chacra do estômago, é possível conhecer as faculdades e talentos de outras almas e tabém discerinir papeis que desempenham animais, plantas, minerais, metais, fenômenos atmosféricos entre outros dentro da Natureza.


Nós já nascemos com o nosso chakra de 16 pétalas, porém contendo 8 pétalas. 

As outras oito nós teremos que desenvolver por meio de exercícios conscientes e processos, desse modo todo chakra ou flor de lótus poderá ser luminosa e ativa.


São 8 processos, aos quais o ser humano deverá dar atenção e dedicar-se:


  1. Representações mentais: Nós precisamos nos atentar na forma como adquirimos representações mentais e isso se dará através da autoeducação. Cada representação terá de ser muito importante e devemos visar o afastamento de representações mentais incorretas na nossa alma. 

  2. Resoluções do indivíduo: Qualquer resolução e decisão deverá ter base em fundamentos e reflexões. Tudo o que for  sem fundamento, sem pensamento, sem significado, deveremos manter afastado de nossa alma. Devemos nos abster e nos afastar de tudo que não tem uma razão importante.

  3. Respeito à fala: Não devemos falar sem pensar, a nossa fala precisa ter sentido e importância. Devemos evitar as conversas levianas, sem nos abster dos relacionamentos. É justamente nos relacionamentos que nossa fala precisa ganhar significados; devemos ponderar a nossa fala, tentando falar nem demais nem de menos.

  4. Atos exteriores: Nós precisamos agir de acordo com o nosso entorno, respeitando a nossa realidade. Nossos atos, precisam estar harmônicos com o nosso meio ambiente e com nossa situação de vida.  Devemos nos abster de atos perturbadores para os outros ou que estejam em contradição com a realidade ao nosso redor. Quando algo de fora nos levar a agir precisamos observar de que forma agir para melhor corresponder a este estímulo. Quando agirmos a partir de nós mesmos, devemos ponderar sobre quais os efeitos dessa maneira de agir.

  5. Organização da vida: Devemos organizar nossa vida, nossos hábitos, nossa saúde, nosso trabalho em um passo equilibrado, nem com pressa, nem com lentidão. Precisamos tentar viver em conformidade com a Natureza e o espiritual. Sem precipitar as coisas, mas também ser sermos indolentes, buscando uma vida harmoniosa nesse sentido.

  6. Aspirações Humanas: Devemos examinar nossas faculdades, nossas capacidades e proceder de acordo com o nosso autoconhecimento. Não devemos fazer nada que esteja além de nossas forças mas também não temos que deixar de fazer o que estiver dentro das nossas forças e capacidades. Precisamos estabelecer objetivos relacionados com ideais, com os grandes deveres que devemos ter como seres humanos. Não devemos simplemente nos encaixar como uma peça numa engrenagem sem antes refletir e entender quais são nossas tarefas.

  7. Aprender com a vida: Nesse processo anímico, devemos estar atentos as nossas experiências e as nossas vivências na vida para que elas sejam úteis. Quando fizermos algo de maneira errado ou imperfeita isso deve ser um motivo para que mais tarde a gente possa fazer algo semelhante de forma correta. Devemos procurar acumular um rico tesouro de experiências e sempre consultá-lo, com cautela, para que sirva de referência e guia pra nossas atitudes. Nada devemos fazer sem remontar as nossas vivências que possam nos servir de ajuda em decisões e ações.

  8. Vida interna: Nós precisamos ser capazes de olhar para o nosso próprio interior, aprofundarmos em nós mesmos, nos auto analisar. Precisamos formar e examinar nossos princípios de vida, percorrer mentalmente nossos conhecimentos para entender nossos deveres  na vida. Devemos meditar sobre o objetivo da nossa vida.



Esses exercícios e processos anímicos já foram abordados anteriormente, mas aqui eles estão sendo citados visando o desenvolvimento da flor de loto de 16 pétalas. O desenvolvimento da clarividência depende desses exercícios, bem como dizer sempre a verdade, e ser honesto e sincero. Estas são forças construtivas. Mentir, enganar, ser falso, são forças destrutivas e que não contribuem para o desabrochar da flor de loto. E não basta intencionar ou querer, é preciso de fato agir, a verdadeira ação.


Steiner pontua: "Se eu penso ou digo algo que não corresponde à realidade estou destruindo algo em meu órgão sensorial e espiritual, mesmo acreditando possuir o suficiente razão para isso, por melhor que seja". 


É importante ressaltar, que a clarividência irá aparecer, quando esses oito processos anímicos citados estiverem muito bem exercitados e tornarem-se um hábito na vida da pessoa. Enquanto houver dificuldade para agir da forma como está apontada nesses processos, a alma ainda não estará pronta para a clarividência.


Precisamos ter ciência, de que existem certas instruções que levam a flor de lótus de 16 pétalas ao desenvolvimento, porém essas instruções conduzem a destruição da saúde corpórea e a deterioração moral e são rejeitadas pela verdadeira ciência do oculto. Além disso, como consequência, a estrutura da flor de loto pode ficar deformada, ocasionando ilusões e representações fantásticas, mas também aberrações e insconstâncias na vida comum. A pessoa pode se tornar tímida, invejosa, vaidosa, arrogante, teimosa e assim por diante.


Por mais difícil que seja o caminho dos oito processos ele é um fim seguro para o desenvolvimento da flor de loto e ainda terá o efeito de fortalecer moralmente.


Conforme foi dito, nós nascemos com a possibilidade dessa flor de loto de 16 pétalas; 8 pétalas já estão formadas, já estão desenvolvidas, então o esforço precisa ser dedicado as outras oito pétalas. Então, se praticarmos incorretamente, a disciplina e os 8 processos, facilmente surgirão apenas as oito que estavam desenvolvidas anteriormente, permanecendo atrofiadas as novas que se deveriam formar. E o que determina isso é o pensar lógico e sensato. É muito importante que as pessoas tenham pensamentos claros e que se empenhem em falar claramente. Não devemos sair falando sobre nossas vivências dos orgãos espirituais precipitadamente. Primeiro é preciso estar firme nos exercícios e somente falar sobre isso. Nada deveria ser falado a cerca dos resultados dessa prática. 


O discípulo precisa ter muita cautela em fazer e expressar julgamentos, mas precisa aumentar sua sensibilidade a impressões e experiências, que em silêncio deixará guardadas como referências para quando precisar emitir um juízo. Então, este é o processo de desenvolvimento da flor de loto de 16 pétalas da laringe. E quando ela está plenamente desenvolvida, este novo sentido espiritual transmite percepções sobre os pensamentos através de imagens. É o clarividente consegue "ver" o pensamento da pessoa. 


De forma semelhante, temos todo o processo da flor de loto de 12 pétalas, do coração. Esta flor de lótus também tem seis pétalas que já estavam ativas, provenientes de um estado evolutivo passado do ser humano. Essas 6 pétalas não precisam ser desenvolvidas por um processo de autoconhecimento e da disciplina do oculto, elas vão surgir por si só. Mas para trabalhar nas outras seis, nós vamos ter que fazer um trabalho anímico muito consciente. 


A percepção anímica da flor de loto de 12 pétalas é o calor anímico ou o frio anímico. Ou seja, das figuras que a flor de loto de 16 pétalas perceber, ainda será percebido a emanação do calor ou o frio. Quem tiver este orgão sensorial desenvolvido também irá perceber e se conectar e compreender profundamente os fenômenos da Natureza. Diz Steiner: "Tudo o que está baseado num crescer e desenvolver e mana calor anímico; o que é conceituado em definhar destruir e declinar surge com o caráter do frio anímico."


O desenvolvimento da flor de loto de 12 pétalas depende dos seguintes 6 exercícios:


  1. Controle de pensamentos: domínio interior do curso de pensamentos, para que sejam sempre lógicos e coerentes com a realidade.

  2. Controle de ações: harmonia no agir; coerência e lógica nas ações.

  3. Educação para perseverança: se temos um objetivo, ir até o fim. Persistir, apesar de obstáculos que podem dificultar (desafios a superar).

  4. Tolerância: desenvolver tolerância perante pessoas, fatos, acontecimentos, reprimindo toda crítica supérflua, e demonstrando compreensivo interesse, e tentando, inverter o mau para o bem, sempre que possível. Considerar outras opiniões e procurar imaginar-se na situação dos outros.

  5. Imparcialidade: ter fé e confiança em tudo que vem ao seu encontro e também em tudo que empreender, sendo capaz de submeter sua opinão sempre a um novo exame e retificação. Banir o medo e o ceticismo de seu ser.

  6. Equilíbrio: equilibrar seu modo de viver de modo que fique preparado para coisas boas e coisas ruins igualmente; manter sua energia e disposição para a vida uniforme.



Caso esse desenvolvimento seja descuidado o indivíduo pode estruturar de forma equivocada esse órgão e as qualidades citadas podem voltar-se para o que é mal em lugar do bom. 


Mesmo quem não queira ou não possa estudar a disciplina do oculto, será de grande utilidade viver a vida orientada por esses processos, pois de qualquer forma se apresentará um efeito sobre o organismo anímico, ainda que mais lentamente.


O discípulo do aprendizado do oculto precisa ter muita paciência e seguir a risca esses ensinamentos. Não é possível adiantar-se. Para que as flores de lótus se desenvolvam com a forma adequada é preciso muita calma. As instruções especiais da ciência oculta causam o amadurecer, mas a forma é proporcionada através do modo de vida descrito.


Em relação a flor de loto de 10 pétalas, localizada na região do estômago, podemos dizer que o principal trabalho, para o seu desenvolvimento, está relacionado a aprender a dominar de forma consciente as próprias impressões sensoriais. Geralmente, não nos damos conta de quais coisas estão dominando nossas ideias, nossas recordações e nem através do que elas estão sendo provocadas. Muitas coisas se gravam na alma sem ser incorporadas também à consciência. 


Para que possamos ter plena consciência daquilo que está chegando a nossa alma, será necessário que estejamos vigilantes ao que atua em nós a partir do exterior. Essa consciência só pode ser desenvolvida unicamente mediante uma intensa vida interior, quanto mais intenso e enérgico se tornar o trabalho interior da alma tanto mais iremos avançar nesse sentido.


Nesse intuito, devemos proteger nossa alma de todas as impressões inconscientes, e para tanto, precisamos dedicar especiais cuidados a vida dos nossos pensamentos. 


Ao desenvolvermos a flor de lótus de 10 pétalas, aquilo que através dos órgãos sensoriais anteriores (16 e 12 pétalas) apenas tinham forma e calor, agora receberão luz e cores. E dessa forma poderemos ver talentos e faculdades de almas, forças e qualidades ocultas na Natureza. 


O desenvolvimento da flor de loto de 6 pétalas do centro do corpo é bem mais difícil do que a de 10 pétalas, pois é necessário, através da autoconsciência, uma completa harmonia entre corpo, alma e espírito. Devemos  buscar ser uma alma livre mantendo o equilíbrio entre sensorialidade e espiritualidade. 


Com o desenvolvimento da flor de lótus de seis pétalas chegaremos a comunicação com seres dos mundos superiores, quando estes se apresentaram no mundo das almas. A disciplina não recomenda o desenvolvimento dessa flor de lótus antes que a pessoa já tenha trilhado os passos anteriores. Para desenvolver essa flor de lótus de 6 pétalas precisamos alcançar o perfeito equilíbrio entre sensorialidade (corpo), paixão (alma), e ideias (espírito). 


No entanto, para se ter segurança nos mundos superiores e enxergar seres com vida e autonomia que são deste mundo e não do nosso, e também  perceber os fenônemos suprassensoriais, é preciso mais do que desenvolver as flores de loto: é necessário desenvolver orgãos ainda mais elevados.


O mero desenvolvimento e mobilidade das flores de lótus não é suficiente para adentrar ao mundo supra sensível com segurança. A pessoa precisa conseguir regular e controlar o movimento de seus órgãos espirituais autonomamente e em plena consciência.


Esse controle é necessário para que não nos tornamos frágeis em relação às forças e potências exteriores que possam atuar sobre nós. Portanto também precisaremos desenvolver a nossa faculdade de ouvir o nosso "verbo interior", e para isso, além de desenvolver todo esse corpo anímico nós precisamos desenvolver o nosso corpo etérico/vital.


Nosso corpo vital está em dupla com nosso corpo físico, porém, ele não é percebido no mundo sensorial, somente no mundo supra sensorial. Então, alguém com clarividência consegue enxergar este corpo vital, inclusive conseguindo abstrair o corpo físico de uma pessoa, enxergando assim somente o corpo vital. O corpo vital tem um tamanho aproximadamente igual ao do nosso corpo físico e ele não tem uma cor que possamos associar as sete cores básicas do arco-íris. Steiner fala em uma cor semelhante a cor da flor de pêssego recém desabrochada, e eu fico imaginando então, um tom de rosa muito claro ou creme alaranjado bem claro.


O corpo anímico é maior que o corpo etérico e que o corpo físico. O corpo anímico também permeia o corpo etérico.


O corpo vital está sempre em constante movimento: inúmeras correntes de energia o atravessam em todas as direções; Através dessas correntes de energia é que a nossa vida é sustentada e regulada. Todo esse movimento, ele é independente da nossa vontade e é também insconsciente.


No entanto, ao desenvolver os nossos órgãos anímicos, as flores de lótus, a gente consegue canalizar essas correntes do corpo vital, isto é, toda  essa energia, na formação de um órgão sensorial maravilhoso, que fica na região de nosso coração físico, exatamente onde se encontra a flor de lótus de 12 pétalas. Então, este órgão, é um ponto central dessas energias etéricas, ele concentra e emana energia para todas as flores de lótus do nosso corpo anímico. E nós só conseguimos desenvolver esse novo orgão central após termos desenvolvido todas as nossas flores de lótus.


Importante ressaltar, que ao começar a seguir os exercícios e as práticas que a disciplina do oculto orienta, para o devido e adequado desenvolvimento das flores de lótus, esse ponto central de energias do corpo vital é criado provisoriamente na cabeça. Isso acontece pois precisamos preencher inteiramente nossa alma com os conteúdos dos exercícios, e depois aprofundar e interiorizar o sensato e racional pensar da cabeça. Ao longo de todo o processo de desenvolvimento desse orgão, este ponto provisório vai migrando: da cabeça para a laringe e depois, finalmente, para essa região do coração. Nosso corpo vital está intimamente ligado a esse processo de desenvolvimento dos órgãos suprasensoriais: as flores de lótus nas regiões específicas do nosso corpo.


 É um processo dinâmico que o ser humano vive ao estar conscientemente nesse desenvolvimento, ao passo que o mesmo é uma necessidade imprescindível para o ser humano em sua atual fase de evolução cósmica. Nós precisamos adquirir discernimento para a relação dos mundos superiores com o nosso mundo sensorial, por isso primeiro esse novo orgão se forma na cabeça e depois no coração.


Todo esse funcionamento anímico e etérico, no desenvolvimento dos órgãos supra sensoriais, traz ao ser humano a escuta do “verbo interior”.


Esse órgão que é desenvolvido pelo corpo etérico em conjunto com o desenvolvimento das flores de lótus visa o alcance da faculdade de ouvir o "verbo interior". Isto é, escutar o mundo espiritual. As coisas se tornam espiritualmente audíveis em nosso mais íntimo ser e nos falam de sua essência.


Para ascender ao conhecimento superior precisamos adquirir quatro qualidades do nosso pensar, sentir, agir. A primeira consiste na faculdade de mentalmente discernir entre o verdadeiro e a aparência. A segunda qualidade é a correta avaliação do verdadeiro e real em relação a aparência. A terceira qualidade é a prática das seis qualidades já citadas acima: controle dos sensamentos, controle das ações, perseverança, tolerância, fé e equilíbrio.  E a quarta é o amor a liberdade interior.


Uma compressão intelectual do que significa essas quatro qualidades não tem serviço algum na disciplina do oculto. O que precisamos é incorporará-las a alma de tal modo que venham a estabelecer hábitos interiores. O sutil corpo etérico do ser humano efetivamente se transforma com a influência desses quatro hábitos anímicos, e como consequência, os mistérios do mundo superior tem acesso ao íntimo do ser humano. O indivíduo deixará de considerar as coisas e os seres da forma como corresponde à sua maneira pessoal, tornando-se independente e livre.


Dentro de diferentes cosmovisões está contida a noção de que trabalhar em nosso próprio aperfeiçoamento espiritual significa que podemos servir ao todo Universal. Aperfeiçoar-se não é egoísmo, pois o indivíduo imperfeito também é um servidor imperfeito da humanidade e do universo. "Tanto melhor se serve ao todo quanto mais perfeito se é", diz Steiner. Os fundadores das mais importantes cosmovisões são grandes iniciados.  Aquilo que vem deles flui para dentro das Almas humanas e com isso se avança a humanidade e todo o universo. 

Ao entrarmos nos mundos superiores nos defrontamos com nossa identidade anímica sob a forma de imagem refletida. O nosso íntimo humano, as nossas representações mentais, manifestam-se em figuras externas, exatamente como outros objetos e entidades. Para o conhecimento superior o mundo interior torna-se uma parte do mundo exterior.


Neste grau evolutivo, somos capazes de observar o que reside dentro de nossa personalidade, espelhada e refletida, como mundo exterior. O que for da nossa natureza íntima e qualidades anímicas, surgem no exterior de forma espelhada e invertida. Por exemplo: um desejo relacionado a algo exterior apresenta-se como uma figura que se move em direção à própria pessoa que tem o desejo. 


Se antes de conquistarmos a visão dos Mundos superiores, conseguirmos ter conhecimento de nossas próprias qualidades por meio da auto-observação tranquila e objetiva, também teremos coragem para conseguirmos nos defrontar, então no mundo espiritual, com a imagem reflexa exterior de nosso íntimo. Caso a gente não consiga se familiarizar com o nosso íntimo, não vamos conseguir reconhecer a nós mesmos na nossa imagem reflexa. Essa visão também pode nos tornar medrosos, além de duvidarmos de que a nossa visão seja realmente resultado do nosso desenvolvimento na ciência do oculto. 


É muito importante que sejamos capazes de conhecer a visão espiritual de nossa própria alma, a fim de evoluir na ciência do oculto. Nós temos em nós mesmos o elemento anímico-espiritual que poderá melhor julgar se a imagem que estamos vendo é a nossa própria imagem interna. Precisamos desenvolver essa capacidade através do nosso autoconhecimento e autodesenvolvimento, com os exercícios já descritos anteriormente. 


No mundo espiritual, primeiro vamos ver a imagem da nossa personalidade inferior e a partir dela torna-se visível a figura do eu espiritual. Com a flor de lótus de duas pétalas, na região dos olhos, temos a possibilidade de colocar nosso Eu Superior em contato com as entidades espirituais superiores: esse é o nascimento do Eu Superior propriamente dito. E vamos conseguir enxergar e ter contato com um Eu superior saudável nos mundos superiores a medida que vivemos e pensamos sadiamente no mundo físico. Diz Steiner: "Uma vida em conformidade com a Natureza e a razão são a base de todo o verdadeiro desenvolvimento espiritual."


A partir desse momento podemos compreender que temos um elemento transitório e um elemento permanente, que é o nosso Eu Superior. Ao atingirmos esse grau de desenvolvimento e termos a experiência com o nascimento do Eu Superior, ficará mais claro pra gente o nosso carma de vida, bem como insights da encarnação desse Eu Superior no eu inferior.


Neste momento vamos ter um saber pleno e um Insight inabalável bem como conquistar uma elevada independência de nosso corpo físico.


CAPÍTULO 7 - MODIFICAÇÕES NA VIDA ONÍRICA DO DISCÍPULO


Algumas transformações que ocorrem nos sonhos indicam que o discípulo está alcançando certo grau de desenvolvimento em sua iniciação.

Ao invés de confusos e arbitrários, os sonhos assumem um caráter regular.  As imagens passam a ser mais  sensatas, como as representações da vida cotidiana. Nesses sonhos é possível discernir lei, causa e efeito. O conteúdo dos sonhos também se modifica: agora surgem imagens de um mundo até então desconhecido, do mundo espiritual. A qualidade de expressão simbólica dos sonhos se mantém, no entanto, nesses sonhos ocorrem experiências inacessíveis à consciência diurna comum. O indivíduo que está sonhando continua desperto durante a vida onírica, sendo então responsável e dirigente de suas representações metafóricas.


O ser humano vive uma vida diurna consciente no mundo físico sensorial, e paralela a esta, vive uma vida insconsciente no mundo suprassensível. Tudo o que é percebido ou pensado fica gravado sob forma de impressões nesse mundo suprassensível, e só se pode ver estas impressões quando as flores de loto estão desenvolvidas. Steiner explica: "Somente as flores de loto desenvolvidas possibilitarão que manifestações pertencentes ao mundo físico sejam aí registradas. E por meio do corpo etérico desenvolvido surgirá, então, um pleno conhecimento dessas inscrições oriundas de outos mundos."


A partir desse momento, o ser humano iniciado pode perceber o que tem no mundo espiritual como causa para o mundo físico. Acima de tudo, ele é capaz de reconhecer o seu EU superior no contexto desse mundo espiritual, e aos poucos, sua tarefa deve ser a de crescer para dentro desse EU superior, considerá-lo como sua verdadeira entidade e também comportar-se de acordo. O indivíduo se dá conta então, que o corpo físico é somente um instrumento do EU superior. Quando a pessoal alcança a consciência do EU superior é possível desenvolver um orgão de percepção, que é o orgão cardíaco, o coração. Através desse órgão a pessoa consegue enxergar o mundo espiritual. O EU superior utiliza o orgão cardíaco para manejar o eu sensorial. 


O indivíduo desenvolvido deve fundar sua pátria espiritual (construir uma cabana), um lugar onde ele possa se sentir "em casa" e colocar tudo o mais numa relação com essa pátria. Após muito peregrinar, o indivíduo espiritual encontra um lugar e constrói sua pátria espiritual em plena consciência, diferente do que acontece no mundo físico, onde nascemos sem nossa participação. Nesse nível de desenvolvimento, o olhar espiritual desvela as contra-imagens espirituais do mundo físico situadas no mundo astral. Neste mundo encontram-se tudo que tem em sua essência algo como os instintos, sentimentos, apetites, paixões humanas. 


O clarividente começa a perceber a aura dos seres: uma nuvem astral com todos os instintos, sentimentos, pensamentos, paixões que envolvem os seres. Também é possível identificar os contraefeitos astrais dos instintos e paixões animalescos e humanos. Uma ação carinhosa é acompanhada de uma manifestação astral diferente daquela que advém do ódio. As pessoas quase não podem ver estas contra-imagens durante sua vida física, pois sua intensidade é prejudicada pela vida do mundo sensorial. O indivíduo com tendências sensoriais continuará assim após a sua morte. Continuará a ter desejos que não conseguirá satisfazer por falta de corpo físico e será atormentado pelas contra-imagens destes desejos.


O indivíduo que alcança este grau de evolução conseguirá ver a aura de outros seres e pessoas, bem como ver as contra-imagens que são "arrastadas" pelas pessoas. Mesmo nesse grau evolutivo o discípulo inda não pode alcançar vivências espirituais mais elevadas, mas já tem um ponto de partida para uma ascensão maior. Próximo: capítulo 8 - A aquisição da continuidade da consciência

 

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